O que se busca quando se quer aprender algo?
Só a partir desta pergunta pode-se
refletir sobre o que é aprendizagem para Freud, segundo ele quando a criança
inicia aquela fase dos porquês ela está na verdade interessada em dois porquês
fundamentais, por que nascemos e por que morremos, dizendo de modo clássico, de
onde viemos e para onde vamos?
Para Freud há um momento
decisivo na vida do ser humano que é o momento da descoberta ao qual ele chama
de “diferença sexual anatômica”, sabendo
que esta descoberta implica justamente em aceitar que, de fato falta alguma
coisa, a angústia criada provém de uma nova compreensão de antigas perdas, e
essa angústia ele chamou de angustia de castração.
Com a passagem do complexo
de Édipo a criança descobre diferenças que a angustiam, e é essa angústia que a
faz querer saber, e os instrumentos que a criança usa Freud chamou de
“investigações sexuais infantis”. Para Freud as primeiras investigações são
sempre sexuais e não poderiam deixar de
ser,e o que realmente está em jogo é a necessidade da criança de definir seu
lugar no mundo, o desejo de saber associa-se com o desejo de dominar, as
crianças deixam de lado a questão sexual deslocando seus interesses sexuais
para objetos não-sexuais, elas desviam suas energias para objetos não sexuais.
Assim as crianças perguntam sobre varias coisas, mantendo vivo o seu pensamento
sobre questões fundamentais, isto esta associado a ideia de curiosidade.
Freud ao descrever o
processo de emergência do desejo de saber diz que a investigação sexual ao ser
sublimada relaciona-se igualmente com o ver. O visual é um aspecto constante e
constitutivo das pulsões sexuais.
A pulsão sublimada
transforma-se após a associação com a pulsão de domínio em “pulsão de saber”
tendo como derivados o prazer de
pesquisar, o interesse pela observação da natureza, o gosto pela leitura, o
prazer de viajar etc. Assim ,pode-se dizer que a mola propulsora para o
desenvolvimento intelectual é a sexual. Assim, vimos alguns elementos
determinantes que levam a uma criança querer aprender. Contudo podemos também
levar em consideração que a criança não aprender sozinha que é necessário a
presença do professor para que este aprendizado se realize. O ato de aprender
sempre pressupõe uma relação com outra pessoa, ou seja, aprender é aprender com
alguém. Neste sentido, a relação professor e aluno tornam-se importante e
crucial. Freud mostra que um professor pode ser ouvido quando está revestido
por seu aluno de uma importância especial. Sendo que o mestre passa a ter em
mãos o poder de influencia sobre o aluno. Os professores são investidos da
relação afetiva primitivamente dirigida ao pai, acabam se beneficiando da
influencia que o pai exercia sobre a criança.
Freud se concentrou nas
relações afetivas entre o aluno e o professor, ele focaliza o campo que se
estabelece entre o aluno e o professor estabelecendo as condições para a
aprendizagem e na psicanálise este campo é chamado de transferência. A transferência é uma
manifestação inconsciente que se constitui como um excelente instrumento da
analise deste inconsciente.Freud se deu conta da constância com que a
transferência ocorria nas diferentes relações estabelecida pelas pessoas no
decorrer de suas vidas. Afirmando assim, que ele está presente na relação
professor-aluno. Para Freud as transferências são reedições dos impulsos e
fantasias despertadas e tornadas conscientes, ou seja, ganha vida novamente,
agora não mais como passado, mas como relação atual. È necessário que o
professor perceba a importância de se levar em consideração a subjetividade do
aluno, percebendo que não poderá exigir do aluno um comportamento robotizado,
fazendo com que este aluno seja apenas protótipo do professor, portanto, deve
deixar que o aluno crie e recrie seu conhecimento e por meio da relações crie
seu próprio caminho.
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